Aqui verás histórias reais, emocionantes, alegres, tristes, histórias que mostram a verdadeira face da vida e seus caminhos, através de belos contos.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Devagar, SEMPRE!(ou E sempre, como queira)

- Por Edilza Araújo -


Outro dia desses estava pensando na vida, na minha vida: em tudo o que fiz e no que deixei de fazer (por medo ou, talvez, pela velha companheira de sempre, a preguiça... rs). Depois de uns 10 minutos, que mais pareceram intermináveis horas, cheguei a uma conclusão: de que nada na minha vida foi como planejei ou como muitas vezes na minha infância eu pensei que seria.

Nenhum mega empresário me descobriu; nada de vida de estrela de Hollywood, nada de príncipe encantado. Porém, a partir dessa “triste” dedução acerca de meus feitos e não-feitos, percebi uma coisa até meio que inacreditável, já que nada saiu como planejado: EU SOU FELIZ!

Como assim? Vamos por partes: possuo uma família grande, unida (até o quanto é possível ser!... rs) e que me ama (a seu modo). Meus pais me consideram o orgulho da prole, mas não descartam a chance de me chamar de “ovelha negra”. Tenho irmãos que matariam por mim, apesar de brigarmos sempre que nos reunimos. A vida sem eles? Nem imagino! Em que outro lugar do mundo todos chorariam ou ficariam de luto pela morte do seu bichinho de estimação? Onde mais um fracasso no vestibular seria motivo de piadas e até comemoração, com direito a bebedeira e fotos históricas? Onde o enterro de um tio viraria uma comédia, melhor do que muitos filmes que eu já vi? Só no meu lar!

Outro ponto forte? Meus amigos... Às vezes não me ligam, passam anos sem me ver, não dão o menor sinal de fumaça, mas quando aparecem fazem a festa, contam novidades e querem saber de tudo, e com os mínimos detalhes. Ouço confissões, piadas, desilusões. E desabafo também; reclamo, brinco, choro, rio... Extravaso! Com eles, estou entre os meus. Sou metida, chorona, engraçada, saudosista; enfim, a minha pura essência... E o melhor disso tudo? Eles amam e eu também!

Prosseguindo e refletindo, encontrei um defeito altamente criticado por muitos e que nestes meus 10 minutos de ponderação se mostrou uma virtude (ironia do destino!): a minha FALTA DE PRESSA... Vagarosa, lenta, devagar, adjetivos comuns a minha pessoa. Discordando do ilustre poeta que um dia disse ‘ANDO DEVAGAR PORQUE JÁ TIVE PRESSA’, ando devagar porque este é o meu ritmo, porque assim prefiro, assim saboreio cada momento possível, como o “sommelier” degusta o melhor vinho da safra... Admito que paro para olhar o céu em noites de lua, para admirar o sorriso de uma criança ou a felicidade de uma grávida ao descobrir o milagre que carrega em seu ventre. Paro para ver o azul do mar (que muitas vezes me parece um verde intenso... rs), para ouvir a última desilusão amorosa de minha melhor amiga; paro para responder ao meu sobrinho que vem pedir minha benção. Paro para ouvir a canção que me leva a outro mundo, para tomar banho de chuva na rua; paro para sentir o vento frio das noites de Campina em meu rosto...

Contudo, pensem: se paro é sinal que continuo caminhando e que a cada parada as energias se renovam, o coração se enche de esperança e a mente, de novas idéias. Descubro que para ser feliz não dependo dos outros, isso é uma conquista minha; que a realização dos meus sonhos pode ser adiada, mas nunca esquecida; que o olhar dos meus amigos e da minha família ilumina meus passos nessa caminhada, pois eles são meus anjos de resgate quando a criança emocional insiste em voltar a me dominar. Os apressados talvez nunca entendam, mas a vida, para mim, é como um bombom: a cada minuto que abro a embalagem sinto mais água na boca, uma alegria vertiginosa, e uma pergunta me vem à mente: ‘Qual será a melhor sensação: abrir o bombom ou devorá-lo?’ Sei que descobrirei algum dia... devagar e sempre!

Nenhum comentário: